Historial

O Teatro de Marionetas do Porto constitui-se em setembro de 1988, uma data simbólica que coincide com a apresentação da companhia na seleção oficial do Festival Mondial des Théâtres de Marionnettes, em Charleville-Mézières.

O reportório da companhia começa por integrar o “Teatro Dom Roberto”, fantoches da tradição portuguesa, que João Paulo Seara Cardoso (1956-2010) herdara das mãos de Mestre António Dias, último representante da geração de bonecreiros itinerantes, em 1980.

Os primeiros espetáculos criados pela companhia são fruto de uma pesquisa do património popular, sobretudo ao nível dos contos e das práticas e rituais teatrais do norte do país.

Por esta altura, na sequência de um convite da RTP, a companhia constitui uma equipa de criação alargada (Sérgio Godinho, Jorge Constante Pereira e Alberto Péssimo) que, durante cerca de dois anos, desenvolve vários projetos televisivos para crianças que viriam, de certa forma, a marcar uma geração e dos quais se destacam “A Árvore dos Patafúrdios” e “Os Amigos do Gaspar”.

O TMP alcança um certo reconhecimento público com a estreia de “Miséria”, em 1991, espetáculo muito bem acolhido pelos espectadores e pela crítica, e que representa também o primeiro apoio financeiro do estado à atividade da companhia. Dois anos depois estreia “Vai no Batalha”, uma revista à portuguesa com marionetas, crítica mordaz ao cavaquismo e à mentalidade portuguesa vigente no início dos anos 90, que fica em cena cerca de um ano com lotações esgotadas.

Testadas algumas fórmulas de teatro popular, inicia-se um novo ciclo radicalmente diferente na história da companhia. Várias experiências em busca de uma certa contemporaneidade do teatro de marionetas têm início com “3ª Estação” (coprodução com o Balleteatro Companhia) que ensaia o cruzamento das marionetas com a dança. Mais tarde, “Exit” (1998), a primeira peça do denominado ciclo urbano, no qual se procura uma reflexão sobre a condição humana pós-moderna, e no qual o teatro de marionetas é contaminado por outras linguagens artísticas como a música, o vídeo, a dança e as artes plásticas assumindo uma dimensão mais performativa, marca definitivamente o assumir de um caminho de risco. Registe-se ainda, nesta fase, a importante participação do TMP no evento “peregrinação” da Expo 98, com “Máquina-Homem/Clone- Fighters”.

Os espetáculos dirigidos a um público infantojuvenil passam a integrar a produção anual da companhia, sempre com base em textos originais posteriormente editados em livro.

É, pois, na segunda metade dos anos noventa que se regista uma forte consolidação do projeto artístico da companhia. A corrente de público portuense alarga-se consideravelmente, obrigando a companhia a abandonar o pequeno teatro de Belomonte e a procurar outros espaços de maior dimensão na cidade. O TMP adquire definitivamente uma projeção internacional que o leva a apresentar-se regularmente na Europa e em diversos países do mundo (Espanha, França, Irlanda, Bélgica, Holanda, Áustria, Suíça, Itália, Israel, Brasil, Polónia, Cabo Verde, Inglaterra, Marrocos, China, República Checa, Canadá e Alemanha). E cria uma rede de parceiros de programação em Portugal que faz com que, atualmente, cerca de 30% da atividade se desenvolva em itinerância.

É neste contexto e com uma linha programática consolidada, que o TMP desenvolve a sua atividade a partir do início do novo século. Alguns espetáculos marcam esta fase: “Nada ou o Silêncio de Beckett”, a produção apresentada mais vezes no estrangeiro, “Macbeth”, uma importante experiência de teatro de texto, “Paisagem Azul com Automóveis”, coprodução Porto 2001 e TNSJ e “Cabaret Molotov”, uma incursão no universo do circo e do cabaret.

Em 2008, o TMP comemorou 20 anos de atividade e, a par da estreia de uma nova produção com carácter de certa forma celebratório – “Boca de Cena: Teatro-Jantar”, propôs ao público de todas as idades uma revisitação do seu passado, apresentando 17 produções marcantes do percurso da companhia. Entre o Porto, diversas cidades portuguesas e algumas deslocações ao estrangeiro, a companhia atingiu um máximo histórico: 216 representações para 23.017 espectadores.

A abertura oficial do museu (em 2013) assinalou os 25 anos da companhia. Instalado durante os primeiros 3 anos no edifício nr. 22 da Rua das Flores, passou a 29 de setembro de 2016 para o edifício contíguo à sede da companhia, na Rua de Belomonte.
Marionetas, adereços e outros objetos emblemáticos utilizados nos espetáculos da companhia, assim como algumas das suas histórias, são aqui expostos e partilhados.