MARIONETAS E PAISAGENS
3 de Fevereiro 2015 a 26 de Julho 2015
Marionetas e Paisagens, nome da exposição que assinala o 2º aniversário do Museu das Marionetas do Porto. Museu de autor, centrado na obra de João Paulo Seara Cardoso (1956-2010) e lugar de encontro e cruzamento de outros artistas.
De destacar a particularidade do Museu das Marionetas do Porto ser um projeto em íntima relação com uma companhia, o Teatro de Marionetas do Porto, o que permite que as peças expostas tenham existência teatral, uma espécie de alma, e no museu adquiram um outro lado, a vida latente enquanto esculturas e obras de arte.
Da exposição permanente fazem parte duas peças: Miséria e Teatro D.Roberto, duas obras emblemáticas do Repertório da Companhia.
Na exposição temporária estão presentes marionetas, adereços e partes de cenografia dos espetáculos: A Cor do Céu, Bichos do Bosque, O Lobo Diogo e o Mosquito Valentim e Macbeth.
Na galeria, dedicada a artistas convidados, apresentamos Me LiKe YoU da artista plástica e videasta Ilda Teresa Castro.
Marionetas e Paisagens, é uma exposição que apela o movimento da imaginação através de lugares da terra. O Céu, o Jardim, o Bosque, a Floresta, são disso exemplos, onde as marionetas expostas habitam, entre canções, sopros, sussurros e muitas e boas conversas que nos podem fazer pensar.
Bichos do Bosque são como nós,
são menos ou mais iguais;
dizem como nós dizemos: Olá como vais?
Parece que não mas têm idade, têm coração,
Sentem saudade, têm memória, são personagens
de uma história parecida com a vida.
E desta forma, Marionetas e Paisagens é esse espaço entre a memória e o futuro, numa provocação à mudança para que O Céu possa continuar azul, mesmo quando o dia não está Azul.
Isabel Barros
Me LiKe YoU
A planta morre
As mulheres morrem
As mulheres são plantas
O profeta índio Smohalla da tribo Umatilla, mostra a sua estranheza algo indignada face à possibilidade de interferir no solo terrestre, nas suas pedras ou vegetação, isto é, como poderia ele mutilar o corpo de sua mãe? De modo similar, os povos altaicos não arrancam plantas do solo pela mesma razão que não arrancam cabelos ou barba dos seres humanos; os membros da tribo indiana Baiga recusam «rasgar o seio da sua mãe-terra com a charrua», os Votiaks acreditam que no Outono a Terra dorme, os Tcheremisses não se sentam na Terra quando pensam que ela está doente. Podemos observar estes casos como situações isoladas ou como metáforas de um entendimento e sensibilidade compagináveis com a perceção de que transformar os leitos de petróleo da crosta terrestre em gás lançado para a atmosfera, infere algo de errado. O próprio Dalai Lama fez notar que esse erro implica pelo menos mudanças ambientais demasiadamente velozes para a capacidade de adaptação humana. (excerto de Eu Animal – Uma arqueologia do Vivo, lançamento no TMP em data a designar)
Ilda Teresa de Castro, artista plástica e videasta, desenvolve o programa de pós‐doutoramento «Paisagem e Mudança – Movimentos», apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, projeto de investigação focado no envolvimento das práticas artísticas e filosóficas no domínio da consciencialização ecocrítica e na emergência da correspondente reflexão teórico‐prática. «Me LiKe YoU» inscreve-se na urgência desse ecoterritório.
Fotografia: Carla Bessa