Espetáculo criado por João Paulo Seara Cardoso a partir do célebre romance de A. A. Milne, escrito em 1926, que se viria a tornar um dos clássicos da literatura infantil deste século.
JOANICA-PUFF é um urso “com muito pouco miolo”, que vive no bosque dos Cem Acres com os seus amigos e conhecidos: Coelho, Porquito, Trigue, Mocho, Burro Inhon e ainda Cristóvão Robim, o rapazito sonhador em cuja imaginação se passam as deliciosas histórias cujos protagonistas são os seus próprios brinquedos.
As marionetas deste espetáculo foram construídas por uma técnica mista de couro e madeira, pelo escultor francês Etienne Champion, usando técnicas de construção de máscaras da Commedia dell’Arte.
A cenografia é constituída por um conjunto de lugares sugeridos por pinturas de Albuquerque Mendes.
Pensamento Puff
Segunda feira. Quando o sol está quente,
Ponho-me a perguntar a toda a gente:
É ou não verdade, diga, de repente,
Que uma coisa igual nunca é diferente?
Terça feira, quando corro pelo prado,
Ouço um silêncio estranho que vem de todo o lado,
E que me faz pensar que já pensado
Que uma coisa assim não pode ser assado.
Quarta feira, com o vento a gemer
E eu sem ter nada que fazer,
Sinto uma voz cá dentro a dizer:
Uma pessoa que não é nunca pode ser.
Quinta feira, por entre os pinheirais,
Os lobos uivam parecem pardais,
E as perguntas que eu faço são sempre iguais:
São as coisas mais ou menos, ou são menos ou mais?
encenação, versão cénica e cenografia
João Paulo Seara Cardoso
marionetas
Étienne Champion
música
Roberto Neulichedl
pintura
Albuquerque Mendes
movimento
Isabel Barros
desenho de luz
Ilda Nóbrega
interpretação
Maria João Sousa Pires, Rui Oliveira
produção
Carlos Magalhães, Mário Moutinho
secretariado
Cláudia Armanda
operação de luz e som
David Sobral
design gráfico
Eduardo Miguel
fotografia de cena
Henrique Delgado
construção cenográfica
Atelier Puff
cerâmica
Teresa Branco
colaboração
Deolinda Ramalho
Um urso chamado Joanica Puff
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Desde a seleção dos textos de A. A. Milne – herdeiro legítimo do “nonsense” de Lewis Carroll – até à fabricação dos bonecos de couro (utilizando a técnica tradicional da construção de máscaras da commedia dell’arte); desde a sonoplastia até à manipulação das figuras à vista do público, fazendo-as ora voar, ora emergir dos alçapões – tudo em “Joanica Puff” é um desafio à perfeição.
Os manipuladores Maria João Castro e Rui Oliveira são, de facto, verdadeiros atores-cantores e não se limitam a usar uma técnica: na fase final de “Joanica”, a manipulação de silhuetas de teatro de sombras é um espetáculo dentro do espetáculo. Nos corpos das Marionetas do Porto, “Joanica Puff” é mais que um espetáculo de fantoches: é uma manifestação artística de grande beleza e alto risco…
Manuel João Gomes
in “Público”, 9 de abril 1997
Contrastes
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Espetáculo presente, uma adaptação de Joanica-Puff, de A. A. Milne, um daqueles textos raros para crianças que fizeram (ainda fazem?) a felicidade de quem os leu (e que não precisava de ser criança).
O urso e os seus amigos, graças ao talento do autor e dos bonecreiros que os reinventaram, constituem um maravilhoso conjunto de histórias e de jogos, que, como acontece geralmente nesta sala, nos deixam, crianças e adultos, encantados.
Carlos Porto
in “Jornal de Letras”, 16 de agosto 1995