O Teatro de Marionetas do Porto promove uma audição para intérpretes profissionais de Teatro, para a sua próxima produção O Julgamento de UBU, em coprodução com o Teatro Nacional São João e estreia prevista para 7 de Outubro de 2021 no Teatro Carlos Alberto no Porto.

            O Julgamento de Ubu de Simon Stephens, com encenação de Nuno M Cardoso, terá período de ensaios de 21 a 31 de Julho e de 1 de Setembro a 6 de Outubro, estreia prevista a 7 de Outubro no Teatro Carlos Alberto e apresentações no mês de Outubro de 2021 no Porto e em Braga e Maio de 2022 em Lisboa.

            As candidaturas deverão ser remetidas até dia 27 de Março de 2021, para o endereço electrónico julgamentoUbu@gmail.com, com o assunto “Audição Julgamento UBU”.

             Da candidatura deverá constar:
             Nome Completo;
             Contacto;
             Curriculum Vitae;
             Carta de Interesse e disponibilidade;
             Foto de Rosto;
             Vídeo (ligação para vídeo de interpretação com marionetas ou objetos, de excerto entre 3 a 5 minutos de alguma das peças de Alfred Jarry ou de O Julgamento de Ubu de Simon Stephens).

               A seleção decorrerá durante o mês de Abril de 2021 estando previsto o envio dos resultados até ao final desse mês. Na eventual necessidade de entrevista serão contactados os pré selecionados em data a determinar durante o mês de Abril.

Marionetas do Porto
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             UBU
              A vossa liberdade é simples de mais, meu caro amigo, para fazer um bom garfo de caracóis, instrumento bífido. E eu estou pregado à parede. Boa noite. Lá fora acendem-se os bicos de gás, por ordem nossa, para o caso de o cometa que haveis de seguir – sabemo-lo pela nossa ciência em meteorologia – não ser astro suficiente. Vereis muito longe no frio, na fome e no vazio. É a hora do nosso repouso. O carcereiro vai mandar-vos embora.
                                                                                                                                                                                                 In Ubu Agrilhoado, Alfred Jarry

             UBU
              Eu odeio isto aqui.
              Eu não consigo dormir à noite.
              E se consigo tenho os sonhos mais horrendos.
              Uma noite sonhei que havia um campo com cavalos e eles enlouqueceram e começaram a lutar uns contra os outros e a morder as gargantas uns dos outros. Uma vez sonhei que o céu estava cheio de estrelas, mas todas as estrelas começaram a sangrar e a rebentar. Eu sonhei que estava a chover petróleo. Sonhei que todo o metal neste sítio começou a gritar. Ubu – olha os céus! Ubu – acorda! Ubu – foi isto que tu fizeste! Isto é o que tens de fazer.
                                                                                                                                                                             In O Julgamento de Ubu, Simon Stephens

 

             Sobre a Peça
            O Julgamento de UBU
             Em O Julgamento de Ubu, Simon Stephens pega em Ubu, ditador megalomaníaco grotesco e amoral do proto-surrealista de 1896 de Alfred Jarry e coloca-o diante de um tribunal internacional do século XXI.
             Simon Stephens apresenta uma sequela da peça de Jarry após mais de 100 anos do trabalho vanguardista e seminal O Rei Ubu de Alfred Jarry, escrita quando este tinha 15 anos e apresentada pela primeira vez em 1888 como uma peça de marionetas. Peça desafiadora de um delinquente e, possivelmente, o texto fundador do teatro experimental moderno e que abre o Julgamento de Ubu. Marcado em janeiro de 2010, no Tribunal Criminal Internacional sediado em Haia, é o dia 436 do julgamento do ditador Ubu. Sentado perante um Tribunal Internacional constituído pela ONU, é acusado de Crimes contra a Humanidade e outras violações graves do Direito Internacional Humanitário. Nesse processo, Ubu torna-se um símbolo dos ditadores contemporâneos e são levantadas questões sobre a capacidade da lei de lidar com crimes políticos.
             A sátira virtuosística de Simon Stephens examina as muitas vezes absurdas disputas jurídicas do sistema de justiça internacional. O Julgamento de Ubu é uma comédia selvagem que interroga os pressupostos de um Tribunal enquanto luta para lidar com réus que não apenas se opõem à moralidade da lei, mas existem numa dimensão moral completamente diferente. Ainda assim, embora não haja como negar a importância da revolta de Jarry contra as convenções naturalistas, ou o facto de que a sua linguagem absurda escatológica ainda mantém um fascínio perverso, a puerilidade desancada pode ser suficiente para enviar aos gritos pela saída, em busca de algo, qualquer coisa, adulta para fazer: talvez o retorno do imposto.
             Explorando a legitimidade e eficácia centrais do direito internacional, Stephens pergunta como uma sociedade civilizada pode lidar com os perpetradores de crimes indescritíveis e onde reside a legitimidade de qualquer tribunal internacionalmente convocado. Tendo uma visão irónica e inteligente dos tribunais internacionais quando reduzidos a altercações legais sem sentido e complicadas, esta peça é divertida, mas inquietante, faz perguntas importantes sobre a justiça moral contra a justiça e a futilidade do argumento fundamentado na presença de um malfeitor hediondo.

 

             Sobre o Autor
             Simon Stephens
             Simon Stephens (nascido a 6 de fevereiro de 1971) é um dramaturgo inglês.
             Originário de Stockport, Greater Manchester, Stephens formou-se em História pela University of York. Após a universidade, morou em Edimburgo por vários anos, onde conheceu sua atual esposa Polly, antes de completar o PGCE no Instituto de Educação. Trabalhou como professor por alguns anos, antes de se demitir para se tornar um dramaturgo profissional.
             Tendo ensinado no Programa de Jovens Escritores no Royal Court Theatre por muitos anos, é agora um artista associado no Lyric Hammersmith. É o primeiro dramaturgo associado da Steep Theatre Company, em Chicago, onde quatro de suas peças, Harper Regan, Motortown, Wastwater e Birdland tiveram estreias nos EUA. A sua escrita é amplamente apresentada em toda a Europa.
             É hoje em dia uma voz cada vez mais significante no teatro inglês. As suas peças são muitas vezes explorações sobre a condição humana da vida familiar. Embora a sua escrita seja muitas vezes brutal, encerra um otimismo e uma autenticidade que o destaca dos autores da geração ‘In-yer-face’. Até 2005, Simon Stephens trabalhou no departamento literário do Royal Court Theatre. A sua peça Pornography foi aclamada na estreia em 2008 no Festival de Edimburgo. Das suas peças destacam-se: Bluebird (1998), On the Shore of the Wide World (2005), Motortown (2006), Harper Regan (2007) ou Punk Rock (2009).
             Foi membro da banda escocesa de arte punk Country Teasers.
             Mora em Londres com sua esposa e três filhos.

 

             Sobre o Encenador
             Nuno M Cardoso
             Encenador, ator, diretor artístico e professor.
             Encenou obras de, entre outros, Ésquilo, Eurípides, Shakespeare, J.W. Goethe, G.E. Lessing, Friedrich Schiller, Georg Büchner, Frank Wedekind, Alfred Jarry, Apollinaire, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Mikhail Bulgákov, Karl Kraus, Albert Camus, Samuel Beckett, Ingmar Bergman, R.W. Fassbinder, Bernard-Marie Koltès, Heiner Müller, Peter Handke, Stig Dagerman, Lars Norén, James Joyce, Wole Soyinka, Alan Ayckbourn, Martin Crimp, Enda Walsh, Dimítris Dimitriádis, Simon Stephens, Angélica Liddell, Irmãos Presniakov, Javier Tomeo, Falk Richter, Sheila Callaghan, António Ferreira, Gil Vicente, Francisco Gomes de Amorim, Fernando Pessoa, Luís de Sttau Monteiro, Miguel Torga, Al Berto, Mickaël de Oliveira, Marta Freitas, José Maria Vieira Mendes, Tiago Rodrigues, Jorge Palinhos, Jorge Louraço Figueira, Cláudia Lucas Chéu, Jacinto Lucas Pires, Tiago Correia, Sónia Baptista, Patrícia Portela e Pedro Eiras.
             Como ator, trabalhou com os encenadores Ricardo Pais, Nuno Cardoso, Giorgio Barberio Corsetti, Jean-Louis Martinelli, Cláudio Lucchesi, Rogério de Carvalho, Manuel Sardinha, António Durães, Paulo Castro, José Carretas, Marcos Barbosa, António Lago, e com os realizadores Manoel de Oliveira e Saguenail.
             É diretor artístico da AMANDA, dedicada à nova dramaturgia contemporânea, diretor do Projeto Cassandra para a RTP, membro do NIEP – Núcleo de Investigação em Estudos Performativos, membro do comité português do EURODRAM e assessor da Direção Artística do TNSJ. Foi consultor de programação das Artes Performativas na Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura e membro da direção do Teatro Só, Ao Cabo Teatro e Cão Danado.
             É doutorando em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. Tem o mestrado de Teatro – Ramo Encenação da Escola Superior de Teatro e Cinema, o Curso Internacional Itinerante de Aperfeiçoamento Teatral da École des Maîtres e frequência da licenciatura em Matemática e Ciências da Computação da Universidade do Minho.
             É professor convidado na licenciatura em Teatro da Universidade do Minho, na Licenciatura em Artes Dramáticas da ULP e na Pós Graduação em Dramaturgia e Argumento na ESMAE, tendo também lecionado no Balleteatro, EPAOE Chapitô e ACE Escola de Artes.